Não adianta me questionarem o porquê eu sinto tudo isso.
Aliás, sentia. Eu simplesmente não sei definir o que se tornou passado e o que
continua presente. Você me arrepia dos pés à cabeça, quase que
incontrolavelmente. O tempo passa, os dias correm e o relógio insiste em correr
rápido demais. Com toda essa pressa, eu me sinto cada vez mais distante de
você. Caminhamos junto por um tempo, e nos separamos na primeira bifurcação.
Sinceramente, não me importa qual é o prazo que você
permaneceu na minha vida. Você somou muito mais do que instantes memoráveis.
Você pulsou o meu coração, enlouqueceu os meus sentidos e me despiu inteira.
Você me fez delirar, suspirar, gemer e gritar. Você coloriu o ambiente preto e
branco, realizou as minhas fantasias e brincou com os meus sentimentos. Você
chegou com quem não quer nada, e obteve tudo. Eu fui carne, osso e tesão com
você. Até o dia em que você foi embora como um tsunami, inesperado e
irreversível, arruinando todas as expectativas que eu tinha sobre fazer planos
de um futuro ao seu lado.
Você não se importou, aliás, o erro foi meu em ter levado à
sério um caso indefinido.
Era para ser apenas mais um contato na minha agenda, mas eu
adicionei nos favoritos. Era para ser mais uma pessoa que eu conversava e
convivia, mas se tornou única. Era para ser mais um abraço, ou simplesmente um
beijo gostoso, mas se tornou necessidade diária.
Era para ser amizade, mas virou amor. Era para ser razão,
mas eu fui emoção. Era para ser por uma noite, mas eu perdi as contas. Era para
ser algo passageiro, mas eu lancei uma âncora. Era para eu ter ido embora, mas
eu fiquei. E pior, fiz morada em um espaço que eu nunca fui convidada. Me senti
em casa, entrei e permaneci.
Eu me sentia em órbita quando estava com você. Era uma
sensação indescritível, eu sentia os meus pés fora do chão e o batimento
cardíaco acelerado. Todos os dias eu sentia isso, era persistente e palpitante
nos meus pensamentos. Você me causava insônia, despertava todos os meus
desejos. Dormir com você era uma delícia e acordar ao seu lado, era ainda
melhor. Com você eu compreendia o que é aquela famosa chama acesa do
relacionamento que tanto dizem. Você me mantinha acesa, mesmo sem intenção ou
pretensões. Eu me sentia quente, pegando fogo e suando. A labareda nunca se
apagou, ainda não se apagou. Talvez eu precisasse assoprar forte, mas eu sempre
fui fraca em decisões que envolvem você.
Antes de te conhecer, eu me julgava capaz de dominar a
paixão. Mas agora seria incoerência da minha parte dizer que você me pegou de
jeito e que a racionalidade ainda predomina nas minhas escolhas. Tudo mudou
algumas coisas para melhor, outras para pior. Você fez o seu barulho aqui
dentro de mim, e ele continua explícito aos olhos de quem o deseja enxergar.
Você é o meu ponto fraco. É o silêncio mais exuberante
quando eu me calo.
Você é o cobertor que me falta nas noites frias, e o
ventilador que quebrou nas noites de verão. Você é aquele doce exagerado que me
causa endorfina. Você é o meu desgaste na academia para dominar os pensamentos.
Você continua sendo o meu frio na barriga quando faço algo escondido. A minha
esperança, quando a fase não está boa. Você continua sendo a minha bebida
alcóolica, quando eu deveria optar pelo suco. Você é a minha saudade mais
dolorida, e a minha maior vontade. Você seria, se desejasse o mesmo que
eu.
Mas você não foi, e agora não será.
Nesse caso, acredito que eu seja o meu maior obstáculo.
Afinal, aprendemos na primeira desilusão amorosa que quando
não existe reciprocidade, não deveria existir a insistência. É simples a
didática: número ímpar, não resulta em par.
Se você não quer o mesmo que eu… Sinto muito.
Um lance unilateral, esse que você que me oferecer, eu
posso encontrar em qualquer esquina.
A partir de agora, o meu ponto forte é o amor próprio.
Mas enfim, Cansei de me declarar.
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