Não é à toa que eu conheci o mundo aos prantos. Acordei e,
ainda não responsável por minhas ações, inconscientemente, tive um preparo
especial para lidar com o pior. Desde o primeiro contato físico, quando ainda
bebê, me tornei dependente de alguém. Essa é a prova de que não serei singular
e, que ao longo do meu crescimento e amadurecimento, terei que me relacionar
com pessoas, no geral. Todas elas, independente da função que ocupem, poderão
me frustrar desde cedo. E, infelizmente, eu não tenho como prever e mudar isso.
Vou tentar buscar respostas com o tempo, mas eu nem sei por onde começar a
perguntar.
Porém, quando o cansaço me vencer, entenderei que é para o
meu próprio bem. As minhas lágrimas não deixarão de cair quando, ainda
ignorante de conhecimento, eu desejar muito uma coisa, mas a minha família
ainda não estiver financeiramente estável para me oferecer isso. Certamente, eu
ficarei de coração partido, quando perceber que um desconhecido está fazendo o
meu papel naquela amizade que havia tanta cumplicidade. E, assim, continuarei
com os olhos inundados, porque a dor da troca é uma ferida aberta que nunca
cicatrizará. E eu sei disso, com propriedade.
Mas de todas as decepções que estamos sujeitos a
enfrentarmos nesse trajeto cheio de obstáculos em busca da felicidade plena,
apenas uma será mais dolorosa que as demais: quando eu amar de verdade, e me
decepcionar por amor. A paixão vai causar cegueira. Quando eu entregar o meu
coração para alguém, e o sentimento não for recíproco. Esse choro vai parecer
interminável e sem solução. Porque dessa vez, não estarei chorando por ter
nascido e, sim, porque algo me feriu por dentro. E não há nada mais deprimente,
do que um amor não correspondido.
Portanto, quando eu pensar em desistir de amar, lembre-me de
que o amor da vida real jamais será igual aos filmes de romances, aos contos de
livros ou como os meus vizinhos que caminham de mãos dadas nas ruas. O amor é
exclusivo, cada pessoa o sente de maneira única. Para alguns, o amor está nos
pequenos gestos. Para outros, em um paladar apetitoso. O amor nem sempre será a
figura de dois seres humanos que se amam e querem estar juntos, por vezes, ele
será traduzido em atitudes ou breves palavras. O amor é tudo aquilo que vai me
dar ânimo para seguir em frente, mas se não houver cuidado, ele também poderá
ser o maior criminoso diante das minhas lágrimas. Assim como tudo na vida, ele
possui dois lados. Quando reconhecido da melhor maneira, ele me mostrará o lado
bom. Mas quando faltar a tal da reciprocidade, afaste-me da miséria que eu não
mereço receber.
O amor é o que dá sentido aos dias, colore os momentos e faz
brotar alegria. Sem ele, o céu permanece cinzento, chovemos por dentro. As
emoções tornam-se frias, os sentimentos congelam. O amor é capaz de mover o
mundo, mudar personalidades, vontades, desejos e sonhos. O amor não é um
alguém. O amor é o sentir, o prazer, o tesão em realizar o que se almeja. É a
perseverança em correr atrás, em deixar o orgulho guardado na última gaveta do
armário, é não me acovardar diante dos problemas e dificuldades. O amor
impulsiona, nos faz voar, mesmo que eu esteja com os pés presos no chão. O amor
lateja, pulsa e vibra. O amor transparece no olhar, no suor, na voz e no
sorriso.
Eu não posso culpar o amor por todas as minhas frustrações
ou decepções. Por todas aquelas expectativas que depositei em vão. O amor não é
a sentença da minha dor, do meu medo, dos meus traumas. O amor é o que me
mantém com a coluna ereta, com os passos firmes, com o pouco de esperança que
restou. O amor me motiva a somar, compartilhar e jamais subtrair. O amor é
imensidão, jamais ingratidão ou egoísmo. O amor me faz crescer, me pega de
surpresa nos pequenos detalhes e mantém todas as minhas crenças inabaláveis.
Porque o amor, só o amor é capaz de perdoar e renascer.
Não permitirei que ninguém o mate em mim!
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