A gente julga tanto o outro e olha tão pouco para o próprio
umbigo. A gente tem a maldita mania de criticar o modo das pessoas viverem,
como se tivéssemos escolhido a equação perfeita para vivermos nossa vida. Como
se existisse alguma. O amigo mal terminou a sentença e, na nossa cabeça,
já temos um argumento para contrapor aquela opinião, como se ele
estivesse nos contando o caso para que opinássemos de alguma forma. E não
simplesmente para escutarmos o que ele tem a dizer. A gente julga muito. E
julga tudo. E critica. E analisa. E por qual razão? Não discordo ser realmente
incrível pensarmos diferente. Afinal, graça nenhuma teria essa vida se todo
mundo pensasse igual. Mas a gente se orgulha de um jeito tão prepotente. “Eu
sou assim”. “Eu não faço isso, não”. Sabe, que bom. Que bom que podemos
aprender com a experiência do outro quando ele faz diferente. Mas julgar não é
necessário.
Parto do pressuposto que não devemos seguir regras. Não
devemos nos prender às opiniões alheias. Não devemos seguir protocolos. Não tem
certo e não tem errado. Às vezes é do jeito mais torto que as coisas se
ajeitam. Às vezes a gente passa a vida inteira fazendo o que achamos certo e lá
na frente, a gente se arrepende e acha que deveria ter feito alguma coisa mais
“errada”, porque não aproveitou os momentos como queria.
Acho que devemos ser mais leves. Menos juízes e mais
felizes. Mais doces, mais gentis, mais amigos, mais compreensíveis. Mais
abertos. Menos ríspidos e rancorosos e menos “donos da verdade”. Sejamos
mais humanos ao conviver com as diferenças. Aceitemos mais aqueles que,
talvez, não queiram as mesmas coisas que a gente. Que não tenha a mesma
orientação sexual, que não tenha a mesma profissão, que não tenha a mesma
criação.
““A gente passa tanto tempo julgando e apontando o dedo na
cara do outro que ”não é assim que deve ser”, que” não é assim que se faz”, que
acabamos nem olhando para o que estamos fazendo com nós mesmos. Sendo assim,
nos tornamos seres desprezáveis. A famosa vergonha alheia.
Acho que poderíamos nos testar a viver um dia sem criticar
tanto. Retribuindo acusações das coisas erradas com atos de carinho para
mostrarmos que “tá tudo bem” Tudo bem se resolvermos ser e fazer diferente.
Ninguém deve se sentir culpado por ter sua própria verdade. Esse é a real.
Ninguém é dono de ninguém, nem Deus. A gente tem mesmo é que não
seguir regras, se não as nossas próprias. E não devemos nos culpar se, por fim,
formos julgados ou se escolhermos um caminho que para o outro não seja o
melhor. Um caminho que, sei lá, não seja igual aos dos demais. E daí? O que é
que tem? Não ser igual é único. É lindo. Não tem problema. O importante é
sermos nós mesmos. Aceitamos nossos defeitos. Tirarmos proveito deles. Ser
feliz, e só.
Por Ana Paula Mattar
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