Talvez, se não fosse pelo frio na barriga que você me causa,
eu nunca te escreveria isso daqui. Teve um dia, e você deve lembrar bem, que eu
disse que não precisava de você aqui, na minha vida, na minha cola. Mas eu
menti, e só percebo agora. Menti porque eu não sabia que eu precisava de ti, e
que era você, e mais ninguém.
Depois que a gente se despediu do caminho um do outro
prometendo enchentes de desgraças, eu passei a frequentar lugares que você me
proibia e sair com gente que eu tenho certeza que tu desdenharias. Mas você
tinha razão. Isso aqui não faz bem pra mim, nunca vai fazer. O que
verdadeiramente me faz bem e me coloca nos eixos é você aqui. E eu sinto falta
disso.
Dizia-me ó meu bem, é assim, te coloca no meu lugar e
enxerga, isso está errado. Mais do que das nossas noites selvagens regadas a
risadas e lençóis suados, eu sinto falta de quando você me puxava de volta pra
realidade, e me levava pra onde eu não queria, mas deveria estar.
Mais do que falta dos teus beijos, eu sinto falta de quando
a gente andava de mãos dadas e eu não tinha o medo que eu tenho agora de nunca
mais poder te dizer isso. Sinto falta de te elogiar, te paparicar e também da
nossa reciprocidade. Faltam até mesmo das nossas brigas, discussões, tentativas
e fracassos. Falta dos nossos medos, angústias e do frio da barriga que só você
me causa.
Talvez, se não fosse por isso, eu nunca te escreveria isso
daqui. Mas te escrevo porque o meu medo de te perder é muito maior que o meu
orgulho. Escrevo-te pra te dizer que aquele dia eu – mesmo sem saber – menti. A
verdade é uma só: eu preciso de ti.
lindo texto
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